Caminhar é carecer de um lugar. É o processo indefinido de estar ausente e em busca de um lugar apropriado. O deslocamento contínuo, que a cidade multiplica e concentra, faz da própria cidade uma imensa experiência social de ausência de lugar — uma experiência que é, com certeza, dividida em incontáveis pequenos desterros (deslocamentos e caminhadas), compensada pelas relações e intersecções desses êxodos que se entrelaçam e criam um tecido urbano; e colocada sob o signo do que deveria ser, em última instância, o lugar, mas é apenas um nome, a Cidade […]: um universo de espaços alugados, assombrados por um lugar nenhum, ou por lugares sonhados.
Michel de Certeau | The Practice of Everyday Life
(Tradução do inglês por Jussara Trindade)